“Passei a responder através dos blogs e das redes porque esta forma de colunismo é uma armadilha”
Por Marco Aurélio Weissheimer.
Em nota publicada neste domingo no site PTSul, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, respondeu à colunista política Rosane de Oliveira, do jornal Zero Hora, que neste domingo afirmou que o governador será “incoerente ou irresponsável” na solução para o tema do piso nacional do magistério. A nota afirma:
Pela segunda vez neste mês, um articulista de ZH utiliza o espaço do
jornal para fazer ataques diretos a políticos do governo do Estado,
reportando-se diretamente à pessoa do governador. Neste domingo, foi a
vez da jornalista Rosane de Oliveira “sentenciar” que Tarso Genro será
“incoerente ou irresponsável”, na solução para o pagamento do piso
nacional do magistério. A colunista desconsidera o fato de que o governo
da Unidade Popular Pelo Rio Grande adotou uma outra posição para
retirar o estado da crise, que não a do governo anterior de criação do
“déficit zero”, que diminuiu as funções do Estado, sucateou a
administração pública e congelou salários.
Neste sábado, ao ler a coluna, quando voltava de mais uma edição da
Interiorização de Governo, em Rio Grande, o governador fez algumas
considerações sobre o novo episódio de ideologização da notícia, através
do falseamento da verdade.
1- Sobre o Colunismo Político predominante
“É um certo tipo de colunismo político que ainda não se esgotou no país,
mas que tende rapidamente a esgotar-se pela falta de credibilidade,
pois ele vem perdendo a sua capacidade de transmitir informações e
críticas fundadas. Ele perdeu a “fala” universal, que caracterizou os
grandes colunistas políticos do país, com capacidade de informar e
criticar com seriedade e passou a defender posições ideológicas
dissimuladas, “adaptando” ou inventando os fatos, para contentar um
público determinado –aquele que este tipo de jornalismo cativa, com seus
malabarismos factuais e lugares comuns: os que adoraram as ideias do
neoliberalismo que está levando a Europa à ruína e que, aqui, foram
retratados no famoso “déficit” zero. Aliás, não é de graça que a
colunista de política da Zero Hora é a mais saudosa do “déficit zero”,
que não só paralisou o estado, mas aplicou um brutal arrocho salarial
nos servidores, situação que agora estamos começando a reverter”.
2- As constantes criações de factóides e inverdades
“O mesmo estilo de jornalismo político que “define” que o governador
será incoerente ou irresponsável, é o mesmo que inventou, por exemplo,
que eu defendi uma posição contrária aos sistema de PPPs no caso da RS
10, quando, na verdade, defendi e defendo a PPP e tenho negociado com os
prefeitos a adaptação para baratear a proposta. Nunca fui contrário a
PPPs. O que sou contrário é que elas sejam apenas um negócio bom para as
empresas e não atendam o interesse público. Sou, inclusive, um dos
elaboradores da atual lei que rege as parcerias público-privadas no
país, cuja redação foi comandada pelo Fernando Haddadd quando ele era
Secretário do Ministério do Planejamento e eu era ministro do CDES, no
primeiro governo Lula. Este tipo de jornalismo inventa, por exemplo, que
prometi “mundos e fundos” para os servidores e que prometi pagar o piso
dos professores imediatamente. Isso é uma deslavada inverdade, pois
está gravado nos debates e está escrito numa carta remetida ao CPERS que
nós criaríamos as condições para pagar o piso e que isto ocorreria de
forma processual. Esta foi e é a minha posição.
Nunca prometi “mundos e fundos”, mas uma política de recuperação
salarial que está sendo implementada, e que, aliás, está sendo criticada
pela oposição, representada na coluna de ZH de domingo pelo presidente
do PP e ex-secretário de Relações Institucionais do governo anterior,
Celso Bernardi. Este jornalismo, recentemente, também inventou que a
nossa proposta de aumento para uma parte da categoria dos professores
era a mesma da governadora Yeda. E o fez rapidamente, sem ter a mínima
noção do que é uma transação judicial. Omitiu deliberadamente que a
posição do governo não exigiu nenhuma renúncia de direito pelos
servidores do magistério; que a nossa posição não retira a proposta de
alcançar o piso até 2014; que ela não exigiu a alteração do “quadro de
carreira” e que o aumento atual constituiu-se, apenas, em mais um
aumento -um adiantamento de aumento ao magistério. Ao dizer isso -que a
nossa proposta era igual a da governadora Yeda- a colunista revela duas
coisas: primeiro, que não se informou sobre o que estava acontecendo e,
segundo, que se apressou a forjar uma suposta informação que confirmaria
a nossa “incoerência”. Na verdade, quando ela fala em incoerência, quer
é lembrar que o bom era o “déficit zero”. Por isso sua análise das
nossas medidas salariais envolve dois extremos: critica os aumentos
excessivos aos servidores e diz, ao mesmo tempo, que os aumentos -no
caso dos professores- são insatisfatórios”.
3- Sobre a estratégia, pouco compreendida ou não aceita pela
oposição ao nosso governo, de consolidar o Estado como indutor do
desenvolvimento ecônomico e social
“A nossa estratégia, até agora, está dando certo: usar os recursos
próprios para reorganizar a máquina pública que estava destruída e
melhorar os salários dos servidores; buscar recursos do Governo Federal
para investimentos -inclusive através do recebimento da dívida da União
com a CEEE; buscar financiamentos no BID, no Banco Mundial e no BNDES;
aumentar, com meios técnicos adequados, as receitas sem aumentar
impostos; estabelecer uma política de relações internacionais para
atrair investimentos produtivos; retomar o crescimento no estado tendo
como ponto de partida a base produtiva local, voltados para a renovação
da nossa base tecnológica; fazer um “déficit” responsável sem cair na
armadilha neoliberal de reduzir políticas de proteção e promoção social,
deixando os pobres a ver navios”.
4- A utilização das redes socias e dos blogs para responder à grande mídia
“Eu passei a responder através dos “blogs” e das redes, porque esta
forma de colunismo que estamos falando é, também, uma armadilha:
constrói fatos para promover a sua visão de mundo, de Estado e de
política, e também quer monopolizar o debate, frequentemente só
publicando parte das respostas daqueles que são alvos da suas invenções.
Quando se tratam de matérias que contam fatos verdadeiros e que pendem,
sobre ela, uma interpretação política, ideológica ou econômica, acho
adequado que se responda pelo próprio jornal, quando ele permite a
resposta, como, aliás, é o caso da Zero Hora”.
5- Direito de resposta também em tom crítico
Tenho respeito pela colunista Rosane de Oliveira. Acho que ela cumpre
rigorosamente o seu papel crítico, que é esperado pelo jornal a que
serve, que, como sabemos, não pode ser considerado simpatizante do
projeto que nós, do PT e da esquerda, representamos. Mas ela merece, da
nossa parte, a atenção e respeito que temos com todas as forças
políticas democráticas do estado. Nem acho que se trata de má-fé, mas de
miopia ideológica: se os fatos não tem confirmado que o Tarso é
incoerente, mas, ao contrário, tem confirmado que temos aplicado o nosso
programa de governo de forma coerente, é preciso “adaptar” os fatos e
repetir a acusação de incoerência para, ao final, consolidar uma
“verdade” pela repetição. E também, imediatamente, para salvaguardar a
defesa do “déficit zero”, que sempre foi apresentado pela colunista como
um exemplo de boa gestão pública”.
6- Sugestão
“Assim como fui cobrado como governador, também defendo que a colunista
seja mais responsável e não crie falsas incoerências ou
irresponsabilidades. Recomendo a ela, por exemplo, que leia todas as
colunas do falecido Carlos Castello Branco, do Márcio Moreira Alves e do
grande Newton Carlos, paradigmas da seriedade no jornalismo político”.
RS Urgente, via Luizmuller's Blog
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