O Brasil e as demais nações da América do Sul decidiram suspender o
Paraguai do Mercosul (Mercado Comum do Sul) e da Unasul (União de Nações
Sul-Americanas) até as eleições presidenciais previstas para abril do
ano que vem.
A ideia, costurada neste fim de semana, é uma resposta ao
impeachment-relâmpago do presidente Fernando Lugo ocorrido na
sexta-feira (22). Os vizinhos querem desencorajar processos semelhantes
em outros parceiros da região.
Fernando Lugo (centro), presidente deposto do Paraguai, caminha no Palácio Presidencial antes de ser deposto |
O encontro que decidirá o destino imediato do Paraguai está marcado para
a próxima sexta, durante reunião do Mercosul, na Argentina. O Paraguai
deve ficar de fora, embora seu novo chanceler já tenha dito que quer ir e explicar a crise em seu país.
Não se sabe quais efeitos do isolamento paraguaio do Mercosul e da
Unasul, mas espera-se que a suspensão pressione o atual governo.
RITO SUMÁRIO
Após a reunião no Palácio da Alvorada, o Itamaraty divulgou uma nota condenando o "rito sumário" que culminou com o impeachment e convocou, para consultas, o embaixador do Brasil em Assunção, Eduardo dos Santos.
Na diplomacia, quando isso ocorre, é sinal de reprovação. Não foi usada a
palavra "golpe" no comunicado do Ministério de Relações Exteriores
porque o processo ocorreu dentro da lei.
Santos pode permanecer em Brasília até o fim da gestão Franco.
O Palácio do Planalto determinou que o Brasil só adote decisões coletivas e no âmbito de organismos multilaterais.
CONSENSO
Segundo a agência de notícias Reuters, uma autoridade do alto escalão do
governo brasileiro diz que o país têm mantido contato com autoridades
de outras nações da região e que há consenso para a suspensão do
Paraguai.
"O ponto é transformar este novo governo [paraguaio] em um pária
[indivíduo que a sociedade repele]", disse o funcionário brasileiro, que
falou sob condição de anonimato.
A meta é garantir que nada parecido aconteça em outros paises da região,
como Bolívia e Peru. "É uma reação institucional que mostrará aos
outros as consequências negativas de uma medida agressiva como esta".
RELAÇÃO ROMPIDA
Segundo a autoridade, o embaixador brasileiro em Assunção, chamado de
volta a Brasília para consultas, não deve retornar ao Paraguai.
O Brasil não pretende romper completamente suas relações com o vizinho por conta da usina hidrelétrica binacional de Itaipu.
Na quarta, os presidentes da Unasul se reunirão em Lima para debater situação política do país.
UNASUL
Integram a Unasul Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Uruguai, Suriname e Venezuela.
O bloco reúne quase 400 milhões de habitantes - cerca de 68% da
população do continente - e tem um PIB somado de US$ 2,3 bilhões (cerca
de R$ 4,7 bilhões).
Folha de S.Paulo com Reuters
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