Existem três tipos de corruptos.
1 - o flagrado, filmado, gravado, testemunhado, documentado etc; 2 – o
acusado, julgado e condenado sem nenhuma prova pela imprensa – seja pra
vender mais jornal, seja para derrubar presidente; e 3 – o corrupto
desconhecido que, portanto, só vai nos interessar quando for descoberto.
Os 38 réus a serem julgados a partir de 2 de agosto pelo Supremo
Tribunal Federal, foram reunidos num pacote de processos batizado de
“mensalão” durante o festival pirotécnico de factóides promovido pela
imprensa em 2005. Quem não se lembra de que, durante mais de 6 meses,
acusações sem provas, palpitaria novelesca e uma enxurrada de
sensacionalismo barato inundaram as páginas de todos os jornais,
revistas e canais de TV acusando, julgando e condenando o governo Lula
de cabo a rabo? Foi uma bola de neve sem pé nem cabeça que paralisou o
governo, derrubou ministros e quase conduziu o país a um desastre
institucional.
Nem impeachment, nem fracasso, Lula venceu, convenceu e manteve o
projeto de governo avançando nas mãos de Dilma. 7 anos depois, num
Brasil mudado para melhor, surgem muitos sinais da inconsistência do
formato e conteúdo daquelas acusações.
O vídeo que
detonou o festival de linchamentos batizado de “mensalão” em 2005,
sabemos agora, graças à CPI do Cachoeira, que foi produzido pelo bicheiro
a pedido de Demóstenes Torres para incriminar José Dirceu, atingir o PT
e dar um golpe de estado em Lula.
Hoje podemos acompanhar as sessões de uma CPI em nossos computadores.
Até em nossos celulares! Qualquer um pode acessar o áudio de centenas
de horas gravadas pela polícia federal envolvendo Cachoeira e
Demóstenes. Gravações revelam a associação criminosa entre o bicheiro o
editor da revista Veja!!!
Só isso já merece uma CPI exclusiva! E que fosse corajosa, voltando no
tempo até os acordos de concessão firmados entre a ditadura militar e
Roberto Marinho na década de 60!
A cada dia que passa, a teoria do “mensalão” se sustenta menos. O Tribunal de Contas da União acaba de considerar regulares os
contratos do Banco do Brasil com as agências de publicidade de Marcos
Valério. Também ficou demonstrado que o PT fez empréstimos bancários
legais para pagar dívidas de campanha. Suas e de outros partidos da base
aliada. Essa decisão do TCU alivia o peso nas costas dos juízes do STF
invalidando o argumento “desvio de dinheiro público” – que é um dos
pilares da teoria do “mensalão”. Outro pilar – o de que havia
periodicidade de pagamentos de acordo com votações a favor dos projetos
do governo no congresso – nunca passou de uma fantasia.
Ora, um governo eleito por uma coligação de partidos que formaram uma
bancada aliada que recebeu cargos e ministérios, não precisaria pagar
pelo apoio destes mesmos deputados. Não tem lógica!
Os réus do chamado “mensalão” respondem a diferentes acusações. Uns
podem ser condenados ou parcialmente. Outros absolvidos ou parcialmente.
Mas duvido que se prove o tal “esquema mensal”… que “desviava recursos
públicos”, que era orquestrado por Lula, Genoíno ou Zé Dirceu … e que
deixou algum deles rico. E é isso que interessa estabelecer de uma vez
por todas.
Certamente os juízes do STF reconhecem, com seus botões, que este
processo bizarro só encontra parâmetros na idade média quando bruxas
ardiam em praça pública. Mais do que ao tal “mensalão e mensaleiros”,
certo mesmo é que estarão julgando a si próprios. E à instituição que
representam. Sucumbirá o Supremo à pressão do PiG, levando consigo nossa
democracia ralo abaixo, direto ao esgoto? Pois se embarcarem no
charlatanismo denuncista da grande imprensa melhor esquecermos de vez
todas as conquistas pós regime militar e nos conformarmos em voltar a
ser uma republiqueta de bananas, governada por uma elite estacionada na
escravatura e sustentada por uma famiglia de mafiosos midiáticos.
Sabemos que o julgamento do mensalão será usado pelo PiG para
defender os muros de São Paulo contra o que consideram um inimigo
mortal: o PT. É somente disso que se trata. Impedir que Haddad seja
eleito e, pior ainda, faça um bom governo. Impedir que o PT tome a
cidadela e devolva a cidadania a 3/4 da população que o PSDB mantém
enlatados em vagões de trem há duas décadas…
Segundo a última pesquisa Datafolha,
45% dos paulistanos não conhece Haddad. Dividem suas preferencias entre
Serra e Russomano. É triste notar que um país continental como o nosso
seja informado por essa imprensa podre e que um candidato da envergadura
de Haddad – que ficou à frente de um ministério tão importante quanto o
da Educação por 10 anos – não seja conhecido por 45% da população da
maior cidade do Brasil. É triste admitir que Haddad depende da campanha
obrigatória na TV pra se fazer ver. Um ministro que revolucionou a
educação e promoveu a inserção de milhões de brasileiros pobres nas
universidades.
Voltando ao tema “julgamentos”. Os inocentes do grupo dos
“mensaleiros”, caso este seja o veredicto para alguns, serão justiçados,
a mídia obrigada a retratar-se além de indenizá-los? É pedir muito?
Você acha mesmo?
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