O artista das formas ousadas e dos monumentos repletos de curvas nunca
escondeu suas posições políticas. Oscar Niemeyer dedicou a vida a duas
de suas grandes paixões: a arquitetura e o comunismo. De suas mãos,
saíram os traçados de projetos inovadores, como os prédios monumentais
de Brasília, mas também manifestos em defesa da democracia, cartas a
amigos do antigo partidão e inúmeros artigos em que ele não hesitava
declarar: “Eu sou mesmo um comunista”. A sua ideologia sem disfarces era
um incômodo e um motivo de constrangimento para os militares durante a
ditadura. Mas o enorme prestígio internacional de Niemeyer livrou-o de
prisões e de interrogatórios mais duros.
Documentos sigilosos do governo militar guardados no Arquivo Nacional
comprovam que todas as atividades do arquiteto eram monitoradas e que as
declarações, os projetos e as entrevistas de Oscar causavam enorme
desconforto entre os integrantes da alta cúpula. O Correio teve acesso a
arquivos liberados graças à Lei de Acesso à Informação que revelam a
visão dos militares a respeito do arquiteto: Niemeyer era considerado um
inimigo, com contato próximo aos “escalões avançados da subversão
estudantil” e dono de um perigoso discurso antiamericanista. Além das
posições políticas, nem mesmo o trabalho de Oscar escapou de
questionamentos e acusações. Os documentos revelam uma grave acusação
que teve repercussão entre os militares da época: um coronel se empenhou
em divulgar o boato de que trabalhos de Niemeyer seriam um plágio dos
projetos do arquiteto suíço Le Corbusier.
Um documento do Serviço Nacional de Informações (SNI) de 1973, cujo assunto era “Oscar Niemeyer”, esmiuça em quatro páginas os passos do arquiteto. O ofício detalha principalmente entrevistas, encontros e suas atividades. “O presente documento de informações trata dos aspectos ideológicos das atividades de Oscar Niemeyer, não tendo sido focalizados os casos de natureza técnico-administrativa ligados a Brasília, como o plágio de Le Corbusier”, diz o documento localizado pela reportagem no Arquivo Nacional.
Um documento do Serviço Nacional de Informações (SNI) de 1973, cujo assunto era “Oscar Niemeyer”, esmiuça em quatro páginas os passos do arquiteto. O ofício detalha principalmente entrevistas, encontros e suas atividades. “O presente documento de informações trata dos aspectos ideológicos das atividades de Oscar Niemeyer, não tendo sido focalizados os casos de natureza técnico-administrativa ligados a Brasília, como o plágio de Le Corbusier”, diz o documento localizado pela reportagem no Arquivo Nacional.
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