Pagina 12 – Argentina
Tradução: Renzo Bassanetti
Buenos
Aires, 1º de julho - O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón qualificou de
absurdo o julgamento político que destituiu Fernando Lugo como
presidente do Paraguai, e advertiu que ele fragiliza a solidez
democrática da América Latina, em uma entrevista publicada neste domingo
no diário Página12.
"Não é bom para o
fortalecimento democrático da região. Depois da péssima experiência em
Honduras e as consequências que trouxe o golpe de 2008, parecia que a
região já estava estabilizada e que os maiores incidentes políticos
estavam sendo resolvidos pela via democrática, e agora nos surge esse
absurdo que questiona a solidez democrática", disse.
Segundo
Garzón, "o fato de um mecanismo estar previsto na Constituição não quer
dizer que seu uso seja adequado ou jurídicamente correto, ou inclusive
que não possa chegar a ser uma fraude".
"Se (a
destituição de Lugo) foi uma fraude, também deveriam responder política e
judicialmente os que se aproveitaram desse mecanismo para acabar com o
mandato de alguém que o estava desempenhando legitimamente por eleição
popular", sustentou.
Na sua opinião, o
julgamento político que o Senado paraguaio levou adiante no dia 22 de
junho passado, foi realizado de forma inesperada, obscura e com
aleivosia.
Garzón, assessor da Comissão de
Direitos Humanos da Cãmara dos Deputados da Argentina, está na província
de Tucuman (noroeste da Argentina), para reunir-se com organismos de
defesa dos direitos humanos que promovem ali os julgamentos pelos crimes
cometidos durante a ditadura (1976-1983).
O
ex-magistrado, mundialmente conhecido pela detenção do ex-ditador
chileno Augusto Pinochet em 1998, em Londres, foi condenado em 9 de
fevereiro passado pelo Tribunal Supremo espanhol a 11 anos de
inabilitação como juiz por ordenar a gravação de conversas entre
advogados de defesa e seus clientes na prisão, presumíveis cabeças de
uma rede de corrupção que em 2009 salpicou a altos quadros do Partido
Popular (de direita), que agora governa a Espanha.
Contudo,
a justiça espanhola o absolveu poucos dias depois da acusação de
infringir a Lei de Anistia votada pelo Parlamento espanhol em 1977, ao
abrir, em 2008, uma investigação sobre o desaparecimento de mais de 100
mil pessoas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e o franquismo
(1939-1975).
"Na Espanha não há intenção alguma
de investigar os crimes franquistas e isso denuncia a permanência
ideológica do franquismo. Não é somente revisar a história, pois há
muitos atos criminosos que continuam sendo cometidos", afirmou.
No Aporrea, via BLOG DO GILSON SAMPAIO
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