quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Serra, fim de carreira


Crônica do Mota - 30/08/2012

Antigamente, o eleitorado conservador de São Paulo achava Maluf o máximo. Não havia um taxista que não fosse, pelo menos informalmente, seu cabo eleitoral. Quando a coisa apertava, e os argumentos contra o político parido na ditadura eram fortes demais para serem rebatidos, o motorista apelava para o velho "é, ele rouba, mas faz".

O tempo passou, o país mudou, e até os reacionários, quem diria, viram que não dava mais para apoiar incondicionalmente o modo de governar de Maluf e sua turma, esse que põe no mesmo balaio, ou melhor, no mesmo cofre, o dinheiro público e o privado.

Maluf foi, aos poucos, escanteado, trocado por gente mais "moderna", como os tucanos pareciam ser: afinal, nasceram como uma dissidência mais à esquerda do PMDB.

José Serra, esse mesmo candidato a prefeito que quase a metade dos eleitores paulistanos diz que não votaria de jeito nenhum, foi um dos políticos mais beneficiados com o ocaso de Maluf.

Herdou grande parte de seu eleitorado.

Virou a consciência e a voz da direita que se julga civilizada - como se isso existisse...

Conseguiu ser senador, prefeito e governador e até mesmo concorrer, duas vezes, à presidência, mas seus métodos de fazer política, que ignoram as mais básicas noções de ética, a sua arrogância, o seu distanciamento do povo, a sua megalomania, todo esse conjunto de fatores deletérios, foram minando a sua imagem entre seus próprios companheiros e entre o seu eleitorado.

O resultado é isso o que se vê hoje: os marqueteiros de Serra chegaram ao cúmulo de fazer uma campanha em que o candidato é substituído por bonecos, tal é o medo que a sua imagem possa tirar ainda mais votos dele.

Serra vive hoje o mesmo processo de erosão experimentado por Maluf.

Ninguém mais aguenta sequer ouvir a sua voz repetindo meia dúzia de bordões como se fossem verdades inquestionáveis, descobertas sociológicas e econômicas impressionantes.

Ninguém comenta mais os artigos que escreve para o Estadão. A Folha, que o acolheu durante anos e anos, parece ter percebido já há algum tempo que ele não dava mais audiência.

Tudo indica que esta campanha eleitoral será o réquiem de Serra, o seu enterro político, o seu fim.

Os partidos que sempre se opuseram a ele e à sua maneira de fazer política, especialmente o PT, poderão, finalmente, cantar vitória por ter conseguido tirar tal personagem de cena.

Resta saber quem o substituirá, já que mesmo os seus velhos correligionários não mais o suportam e tampouco fazem a menor questão de ajudá-lo neste momento.

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