Carlos José Marques, diretor editorial
Até mesmo os correligionários repudiam a tática. O estilo chute na
canela e soco no estômago que o candidato José Serra reedita como
fórmula de confronto para vencer adversários a cada eleição da qual
participa – não importando se para a presidência ou prefeitura – tem
causado incômodo de toda espécie. O destempero verbal do tucano mais
parece uma tentativa de esconder a ausência de propostas. E só aumenta o
grau de rejeição cultivado por ele junto ao eleitorado. Em São Paulo, o
nome de Serra já enfrenta a resistência de um a cada dois eleitores.
Cerca de 50% do colegiado. Pessoas que dizem abertamente que não votam
de jeito nenhum nele, segundo as pesquisas. Nas postulações por cargos,
Serra costuma eleger uma bandeira de ataque. Contra a então oponente
Dilma, em 2010, lançou a polêmica do aborto. Agora volta à ofensiva para
desconstruir o opositor Fernando Haddad na disputa municipal falando do
que ficou conhecido como “kit gay”. Serra alega que, enquanto ministro
da Educação, Haddad foi responsável pela ideia dentro do governo. O kit
não chegou a ser distribuído, por determinação da presidenta Dilma, mas
mesmo assim gerou muita polêmica. Ocorre que também Serra escorregou no
tema quando, em sua gestão no governo de São Paulo, em 2009, lançou uma
cartilha anti-homofobia. A questão foi levantada nos programas do
horário eleitoral e o bate-boca virou a tônica, afastando de vez as
chances de uma campanha programática. Em ritmo de queda de popularidade,
Serra partiu para a guerra na base da baixaria acusando o adversário de
estimular o bissexualismo. Haddad respondeu falando em intolerância. No
ninho dos tucanos não foram poucos os que levantaram a voz contra a
linguagem de Serra. O ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo. Para
ele, a campanha de Serra “flerta com o conservadorismo”. FHC queixa-se
ainda da postura do aliado em não aceitar conselhos. O ex-ministro da
Justiça e também parceiro partidário, José Gregori é taxativo: “O velho
Serra, nessa altura da vida, não mudou.” Mesmo um amigo próximo como o
ex-governador Alberto Goldman disse que não alimentaria o debate sobre
“kit gay”. Serra não foi abandonado no próprio barco, mas a nau parece à
deriva, sem boas ideias para enfrentar a tempestade das urnas.
2 comentários:
A Isto É é da Globo... então já, já, o Serra pede a cabeça do jornalista. Alguém duvida?
Eu NÃO duvido... rsrs
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