Em depoimento, ex-presos políticos falam do CCC
Jornalista Marcelo Mário Melo diz que Gustavo Krause, Ettore Labanca e João Arraes integraram a organização
A Comissão Estadual da Verdade recebeu, na tarde desta quinta-feira, depoimento de ex-militantes de esquerda, presos durante o regime militar. Depuseram o ex-militante do PCB Pedro Bezerra e os membros do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) Marcelo Mário Melo e Francisco de Assis. Além dos depoimentos com informações sobre agentes da ditadura e companheiros de luta armada, o jornalista e escritor Marcelo Mário Melo trouxe à mesa a discussão sobre o grupo de extrema-direita Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e citou nominalmente, ainda que sem acusar diretamente, três figuras ainda ativas no cenário político pernambucano como possíveis membros do grupo: o ex-governador Gustavo Krause (DEM), o prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), e o vereador do Recife João Arraes (PSB).
O jornalista se baseia numa entrevista que fez com o senador Jarbas
Vasconcelos (PMDB), para o extinto jornal o Rei da Notícia, em 1985, na
qual o peemedebista narra um encontro que teve com membros do CCC
durante os anos de chumbo e prossegue dizendo que “alguns” tinham
mandato vigente, na época da entrevista, ou ocupavam cargos “importantes
na administração pública”, sem citar nomes. Defensor da tese que “só se
pode derrubar a muralha de silêncio erguida ao redor do CCC estudando a
extrema-direita de Pernambuco”, o ex-militante soma a declaração de
Jarbas ao currículo dos três políticos para qualificá-los como possíveis
membros. “Se eles foram ou não membros do CCC, eu não posso ter
certeza, tem que perguntar a Jarbas”, desconversou.
Contra Ettore Labanca pesaria seu histórico na militância estudantil
de direita – desde antes do golpe –, o cargo de Auxiliar de Escrita que
ocupou na Secretaria de Segurança Pública no período militar, e sua
filiação à Arena e PDS. Contra Krause, o jornalista argumenta sua
posição pública contrária a Dom Helder Câmara, e também o fato de ter
entrado no serviço público logo após o golpe, o que o qualificaria como
um membro da “jovem-guarda da ditadura”. Já contra João Arraes, também
fica a militância de direita, como presidente da Casa do Estudante e a
suposta nomeação como delegado, sem passar por concurso.
“Minha resposta é minha vida. Minha trajetória política e pessoal,
sem nenhuma relação com violência ou intolerância”, defendeu-se Gustavo
Krause. João Arraes e Ettore Labanca não retornaram os contatos da
reportagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário