Chama a atenção uma matéria desta semana no jornal O
Estado de São Paulo sobre os famosos dossiês que geralmente são
elaborados contra políticos do PT, que nos faz imaginar futuras nuvens
carregadas e prenúncio de tempestades sobre a sede do PSDB e da grande
mídia paulista.
Segundo a publicação, a Polícia Federal (PF) suspeita que arapongas
presos pela Operação Durkheim estavam a serviço de um grupo criminoso
com duas frentes de ação: uma voltada para a prática de extorsões e de
estelionato, e outra dedicada à venda de dossiês para campanhas
eleitorais.
Na segunda-feira (26), a PF desmontou a máquina de grampos
telefônicos e de coleta ilegal de dados protegidos por sigilos bancário,
tributário e patrimonial. Cerca de 180 políticos e empresários são
vítimas da rede de espionagem, segundo a PF.
Um indício de que o aparato de grampos tem mandante é um e-mail
enviado em 27 de fevereiro por Maikel Jorge a Aldo Barretis, ambos
investigados pela operação. Eles tratam do rastreamento do ex-ministro e
atual secretário executivo da Previdência Social, Carlos Gabas.
- Falei com o cliente agora sobre o min. Ele disse que estão
interessados em coisas envolvendo ele e o caso Bancoop. Pelo que vi no
Google faz quase 20 anos. Bem, vamos ver.
(…)
Quem é "o cliente" citado no email? Ainda é um mistério, mas não
custa lembrar que quem tem verdadeira obsessão pelo caso Bancoop (uma
cooperativa habitacional fundada por um sindicato e que tinha em sua
direção integrantes do PT), é gente do PSDB paulista, que já fez até CPI
na Assembléia Legislativa paulista.
Isso pode explicar o pouco interesse da velha mídia de São Paulo,
aliada do tucanato, por esta operação, mesmo se tratando de violação de
sigilos do senador Eduardo Braga (PMDB), de um ex-ministro de Estado e
de desembargadores, e até uma emissora de TV (Que ninguém sabe qual foi e
que tampouco provocou indignação da própria mídia com a possível
violação da relação jornalista-fonte)
O pouco interesse contrasta com a importância dada em 2010 sobre o
vazamento de informações sigilosas de tucanos e pessoas ligadas a José
Serra. Contrasta também com o noticiário do grampo sem áudio do
ex-senador Demóstenes Torres, que gerou uma CPI no Congresso.
Outra quebra de sigilo com características de espionagem política foi
o extrato de telefonemas do prefeito Kassab nos meses de maio e junho.
Quem teria interesse em saber para quem Kassab estaria ligando no
período pré-eleitoral? E por qual motivo? Seria alguém suspeitando de
traição partidária? São perguntas que precisam ser respondidas.
Pega muito mal a mídia paulista ficar quieta sobre a Operação
Durkheim. Lembra a relação de lealdade de um revista famosa ao bicheiro
Carlinhos Cachoeira.
A Polícia Federal precisa ir fundo nestas investigações, pois está
claro que se trata de espionagem política, inclusive com a participação
de maus policiais.
É preciso saber também se essa indústria de dossiês forjados eram
matéria prima para denúncias na imprensa com fins eleitorais ou de
derrubar pessoas de seus cargos no governo.
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