Uma coisa é certa: a foto não vai para o álbum de nenhum dos dois
Sorriso unilateral |
De uma coisa não se pode acusar Dilma: de hipocrisia. É flagrante, é torrencial, é irreprimível o mal estar que a figura de Joaquim Barbosa provoca nela, como mostra a foto que o fotógrafo Gustavo Miranda, da Agência Globo, captou no velório de Oscar Niemeyer.
É o olhar de alguém que está oscilando entre o desprezo e o ódio, e
que provavelmente se tenha visto na contingência de calar o que sente.
Que detalhes conhecerá Dilma das andanças de Barbosa por apoio
político para ser nomeado para o STF? Ou será que ela não perdoa o que
julga ser deslealdade e ingratidão de JB perante o homem a quem ambos
devem o cargo, Lula?
Interessante examinar o rosto de JB no encontro. Ali está um sorriso
de quem espera aprovação, compreensão, atenção – ou pelo menos um
sorriso de volta, ainda que protocolar e falso.
Mas não.
O que ele recebe de volta é um olhar glacial, uma mensagem clara da
baixa opinião de Dilma sobre ele. Parece estar acima das forças de Dilma
fingir que não sente o que sente, ainda que por frações de segundo. A
fotografia não vai para o álbum de lembranças de nenhum dos dois.
A franqueza por vezes desconcertante é uma característica de quem,
como ela, não fez carreira na política. Fosse uma política, esta foto
não existiria, não pelo menos deste jeito singular, e seria uma pena
porque esta é uma das imagens que decerto marcarão a República sob
Dilma, de um lado, e Barbosa, de outro.
Um comentário:
Acho que é alguém que chegou lá e traiu, alguém infeliz e sem amigos. Seria alguém despresivel?
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