sábado, 3 de agosto de 2013

Direita precisa desestabilizar a América Latina pois é minoria, diz Nils Castro

Escritor panamenho discorre sobre "contraofensiva" de grupos conservadores aos progressos sociais latino-americanos

Um dos grandes estudiosos dos movimentos sociais na América Latina, o escritor panamenho Nils Castro, afirmou que se preocupa com aquilo que classifica como "contraofensiva" de grupos conservadores aos dirigentes de esquerda latino-americanos. Processo que, segundo o intelectual, pode prejudicar os avanços sociais conquistados nos últimos anos. Em entrevista a Opera Mundi, o autor de As esquerdas latino-americanas em tempos de criar fala em "manobras de desestabilização da direita" no processo.

“Nem a direita nem o imperialismo vão ficar quietos frente ao progresso social e à ascensão social das pessoas. Não podemos esquecer  que eles ainda são fortes.  Tem a mídia, os meios, o dinheiro. Mas, como eles são minoria, eles precisam desestabilizar primeiro para fracionar o movimento popular que conquistou históricas reformas sociais na América Latina", argumentou.


Quando Castro fala em desestabilização, ele se refere à criação e promoção de crises que "criam um clima de insatisfação social que coloca a população contra os dirigentes progressistas". No entanto, perguntado se o Panamá funciona hoje como uma nova matriz de desestabilização da integração latino-americana, Castro descarta que o país possa influenciar ou agir com tal magnitude. Ele acredita, porém, que a esquerda no geral deve ficar atenta a um processo histórico que se "inicia com a desestabilização e culmina com deposições e golpes".

"Antes de invasão norte-americana ao Panáma que destruiu nosso processo de liberação nacional, nós sofremos com muita desestabilização financiada pela direita. Foi uma forma de ir quebrando as pernas do processo democrático nacional antes de dar o golpe final. Quando 20 mil soldados da melhor infantaria norte-americana desembarcaram em nosso país, a nossa luta já estava enfraquecida com desestabilizaão social e econômica. Esses movimentos foram só um prefácio de algo pior que vem depois, que é um golpe. Por isso é preciso ficar atento", argumenta sobre as ações conservadores na América Latina.

Durante participação no Foro de São Paulo, Nils Castro também defendeu que a "América Latina tem uma rica diversidade de processos nacionais e socioculturais que é preciso compreender e somá-los sem restringir as forças da pluralidade de seus integrantes", disse em referência  a toda a variedade de povo e culturas constantemente oprimidos no continente.

O escritor também falou da importância da juventude para a renovação da esquerda. "Escrevi meu livro para os jovens. Eles precisam conhecer o motivo da nossa luta, mas de uma forma que eles possam entender. Hoje escrevo como se quisesse que meus netos pudessem ler", disse.

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