terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Líderes iberoamericanos pedem volta de Zelaya ao poder



LULA responde duramente ao presidente de Costa Rica, Óscar Arias:
"Não dá para comparar (Irã) com Honduras!"

Por César Illiano
ESTORIL, Portugal (Reuters) - Os líderes ibero-americanos concordaram nesta terça-feira que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deve ser restituído no cargo como "passo fundamental" para o retorno da ordem democrática ao país.
Em comunicado, os líderes que participam da Cúpula Ibero-americana chegaram a um consenso sobre essa posição, embora não tenham mencionado especificamente o reconhecimento do presidente eleito em domingo, em eleições organizadas pelo governo de facto que depôs Zelaya.
A maioria dos países latino-americanos tentou deixar por escrito uma rejeição às eleições de domingo, realizadas sob o governo de facto que assumiu depois do golpe de Estado que derrubou Zelaya.
Outros, amparados pelo aval dos Estados ao resultado do pleito, defenderam o reconhecimento do processo e do governo do novo presidente eleito, Porfirio Lobo, como uma forma de superar a crise que há cinco meses sofre o empobrecido país da América Central.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a cúpula antes do fim por conta de uma viagem para a Ucrânia.
Antes de embarcar, no entanto, Lula respondeu duramente ao presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que havia afirmado que, se a comunidade internacional reconheceu as eleições no Irã e no Afeganistão, a América Latina deveria aceitar o pleito realizado em Honduras.
"Não dá para comparar (Irã) com Honduras, onde você tem uma pessoa que deu um golpe, esse golpe foi repudiado por todos os países do mundo, foi repudiado pela OEA, e essas pessoas tinham condicionantes feitas pelo próprio presidente da Costa Rica, que era a volta do presidente Zelaya, a convocação das eleições e a volta à normalidade", disse Lula a jornalistas.
Zelaya está desde setembro abrigado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa para evitar ser preso pelo governo de facto encabeçado por Roberto Micheletti.
"É apenas uma questão de bom senso, é uma questão de princípios e é uma questão de a gente não pactuar com o vandalismo político na América Latina", acrescentou.
OBJETIVO ALCANÇADO?
Os líderes, no entanto, não chegaram a um denominador comum sobre a validade das eleições e esse ponto não estava na declaração final da cúpula.
O consenso, que expuseram em um comunicado especial, foi na condenação unânime ao golpe de Estado e ao insistir no restabelecimento de Zelaya para que termine seu mandato.
Além dos Estados Unidos, os países que reconheceram as eleições de domingo em Honduras foram Colômbia, Costa Rica e Panamá, com outros como México apresentando posições ambíguas.
Brasil, Argentina, Chile, Equador, Venezuela e Bolívia lideraram o grupo de nações que repudiam o processo eleitoral. (Reuters)


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