Militantes de diversos movimentos afirmam que gestões tucanas foram antipopulares e que petista é o único capaz de derrotar Serra. Confira carta divulgada pelos ativistas, na íntegra.
O Brasil somente poderá resolver os
problemas do povo com a democratização da riqueza, da terra e dos
recursos naturais, da cultura e dos meios de comunicação. A Consulta
Popular há 15 anos se une aos movimentos populares na luta pela
transformação estrutural da sociedade brasileira. A isto chamamos
Projeto Popular, cuja concretização, por atacar os fundamentos da
dominação burguesa, exige a tomada do poder político pelos
trabalhadores.
Nessas eleições municipais, a tarefa
colocada para as forças do Projeto Popular é derrotar a direita,
organizada em torno da candidatura José Serra (PSDB). Dentro do quadro
de polarização eleitoral consolidado nos últimos anos, a candidatura de
Fernando Haddad (PT) se destaca como a única do campo popular capaz
disto.
O PSDB é o partido político que sustenta
eleitoral, ideológica e institucionalmente o neoliberalismo no Brasil.
No estado e na cidade de São Paulo as gestões tucanas foram
contundentemente antipopulares. A nenhum lutador ou lutadora do povo é
permitido não enxergar que uma vitória dos setores sociais representados
no PSDB é uma derrota da classe trabalhadora, ainda mais pelos
contornos nacionais dessa disputa.
Isto por si bastaria. Mas não é só. A
candidatura de Fernando Haddad (PT) pode concretamente ajudar as forças
populares a se organizarem, a acumularem forças e a obterem conquistas
com melhorias reais para a vida das maiorias. Os bons mandatos exercidos
pelo PT na cidade de São Paulo — Luíza Erundina (1989-1993) e Marta
Suplicy (2001-2005) —, tiveram como eixos do orçamento municipal a
periferia da cidade, os espaços públicos e os mais necessitados.
Apesar de todos os limites dessas
gestões, essas políticas se refletem no apoio que as massas populares
manifestam nas urnas. Muito embora a coordenação da campanha do PT tenha
priorizado tempo de TV e alianças que nada agregam politicamente — ao
invés de apostar na militância de base popular — o reconhecimento das
massas obtido pelos governos Lula, Dilma e, em São Paulo, Erundina e
Marta, sustentará a candidatura Haddad nessa disputa.
O poder político e a implementação do
Projeto Popular apenas se colocam em jogo nas eleições quando a classe
trabalhadora adquire um maior grau de organização, autoconsciência e
ativismo. Nessas circunstâncias, os processos eleitorais tendem a
espelhar as contradições fundamentais da sociedade. Dois episódios de
nossa história o ensinam: o Golpe de 1964 contra o presidente João
Goulart e as eleições presidenciais de 1989 entre Lula e Collor.
Enquanto for desfavorável a correlação
de forças na sociedade brasileira às transformações estruturais —
situação que já perdura há duas décadas —, não se pode esperar das
eleições senão que contribuam ou emperrem o processo de acúmulo de
forças da classe trabalhadora.
No presente momento, a luta de classes
se dá nas eleições no interior e nos termos da disputa entre PSDB e PT —
e não entre programas abstratos de conservação ou transformação
radical. A classe trabalhadora que vive essa luta dia-a-dia não se perde
em purismos de consciência. Essa é a explicação para os resultados
negativos obtidos nas urnas por candidaturas sem força real para
derrotar o inimigo, muito embora defensoras das idéias socialistas. E o
que vale para as urnas, vale para o mandato: o discurso mais ou menos
radical de um candidato nas eleições não corresponde ao caráter mais ou
menos progressista de um governo, que depende essencialmente da
correlação de forças na sociedade e da pressão popular organizada.
A Consulta Popular se soma aos
movimentos sociais e a todos os lutadores e lutadoras do povo em uma
campanha militante para derrotar José Serra (PSDB) e eleger Fernando
Haddad (PT). E confiamos na responsabilidade daquelas organizações
companheiras que optaram por candidaturas próprias no primeiro turno:
devemos estar juntos para derrotar Serra no segundo turno.
Quanto maior o envolvimento organizado
das forças do projeto popular, melhores serão as condições para que essa
luta se reflita numa melhoria na balança da correlação de forças contra
o nosso inimigo: a burguesia, as elites e seus projetos de submissão,
exploração e injustiça.
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