Eduardo Cunha entrega a Medalha Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados 2015 a Michel Temer (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados) |
Neste domingo 17 a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Por 367 votos a 137, os deputados entenderam que as acusações de crime de responsabilidade procedem e impedem Dilma de continuar a governar.
O vice-presidente Michel Temer, que deve assumir a presidência da
República caso o Senado confirme a decisão da Câmara, não deve ter vida
fácil, entretanto. Ao contrário de Dilma, ele é citado como beneficiário
nos escândalos de corrupção investigados na Lava Jato.
Em planilhas apreendidas pela Polícia Federal na casa de um executivo
da Camargo Corrêa, Temer é citado 21 vezes entre 1996 e 1998, quando
era deputado pelo PMDB, ao lado de quantias que somam US$ 345 mil. A
investigação ocorreu em 2009, durante a Operação Castelo de Areia,
cujo alvo era a empreiteira, e apurava suspeitas de corrupção e
pagamento de propina a políticos para obter contratos com o governo.
Temer refutou as acusações e a Castelo de Areia não foi adiante.
Em 2014, a Operação Lava Jato
prendeu três diretores da Camargo Corrêa e descobriu uma nova planilha
que também apontava para Temer e políticos tucanos. O documento
relaciona o vice-presidente a dois pagamentos de US$ 40 mil por projeto
de pavimentação em Araçatuba e pela duplicação de uma rodovia em Praia
Grande, cada um deles estimados em US$ 18 milhões.
Em 2015, Júlio Camargo,
ex-consultor da empresa Toyo Setal, em acordo de delação premiada com a
Lava Jato, afirmou que o lobista Fernando Baiano era operador da cota
do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, representando
principalmente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e Michel Temer.
No ano passado, o nome de Temer apareceu ligado também à OAS, ao lado de Eduardo Cunha
e Renan Calheiros. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
divulgou indícios de que Temer recebera R$ 5 milhões do dono da
empreiteira, José Aldemário Pinheiro, condenado a 16 anos de prisão por
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A suspeita partiu de conversas registradas no celular de Pinheiro,
apreendido em 2014, em que Cunha questiona o empreiteiro por ele pagar
os cinco milhões de reais a Temer de uma vez e adiar o repasse aos
outros líderes do PMDB.
Essa foi uma das informações que fundamentou a ordem do Supremo Tribunal Federal à Polícia Federal para que fosse deflagrada a Operação Catilinárias,
que atingiu as principais lideranças do PMDB, como Eduardo Cunha, Renan
Calheiros, o senador Edison Lobão (MA) e os ministros Celso Pansera e
Henrique Eduardo Alves.
Em fevereiro deste ano, o senador Delcídio do Amaral (MS), em acordo de delação premiada,
envolveu Temer em um caso de aquisição ilícita de etanol por meio da BR
Distribuidora, ocorrido entre 1997 e 2001, ainda no governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
No depoimento, Delcídio afirma que Temer chancelou a indicação de
João Augusto Henriques e Jorge Zelada a cargos de direção da Petrobras;
ambos foram condenados na Operação Lava Jato, sendo que Henriques é
apontado como principal operador do esquema e teria sido apadrinhado por Temer.
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