Por DiAfonso
Na semana passada, escrevi uma coluna sobre o que me pareceu a intromissão indevida da polícia em um estádio de futebol, e a reação dos internautas variou entre o desagrado e o manifesto de apoio. Fui lida emocionalmente. Mas não reclamo disto, porque assim somos nós, brasileiros, emotivos. Muito me agrada que leiam palavra a palavra ou parágrafo a parágrafo o que escrevi. Vivo de escrever.
A questão é que, pelo que percebi, entenderam minha coluna, em alguns casos, por uma especificidade regional, como se eu visse mais glórias na polícia sulista do que na nordestina. Jamais afirmei tal coisa, porque esta divisão não me ocorre. Separações regionais são imaginárias, e os homens não se tornam melhores por terem nascido acima ou abaixo de linhas convencionadas.
Somos todos homens.
O que contestei foi a intromissão da polícia de choque no campo nesta situação, tivesse ela ocorrido em Pernambuco ou na Alemanha (e por um detalhe, desta vez, a intromissão se deu em Pernambuco). Para um jogador violento e destemperado em campo, há a autoridade, em primeiro lugar, do árbitro do jogo. Talvez, naquele caso, essa autoridade tenha sido exercida tardiamente. E, se digo talvez, é porque reconheço que existe uma instância para decidir o timing correto desta atitude, que é o tribunal de justiça desportiva. Este tribunal terá de ser capaz de fazer isto mais apropriadamente que a justiça comum.
Assim, pelo menos, foi o que se fez na Alemanha, um país que parece crer nas próprias instituições, durante a Copa do Mundo. Zidane, provocado por Materazzi, agrediu-o fisicamente na final. Mas a polícia não entrou em campo para prendê-lo, não o algemou. Qual teria sido a reação de Zidane diante de um policial que desejasse fazer isto com ele? Não se pode saber, mas talvez ele se visse incrédulo como o pobre (no sentido de surpreendido) zagueiro do Botafogo. E se na Alemanha a coisa não se complicou, isto ocorreu porque o juiz agiu em tempo: expulsou Zidane depois de ter sido informado de seu ato violento por um bandeirinha.
Posteriormente, Zidane teve a oportunidade de defender a própria atitude (o que fez com grande integridade) em um processo da justiça desportiva. Se isto ficou entendido como correto no caso de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, pode também ser aplicado a um profissional de menos destaque.
Creio que alguns de meus leitores perceberam que eu falava, no texto, do poder simbólico do futebol, não daquele real. Porque quando disse que um jogador é mais que um jogador, disse, naturalmente, que ele é assim em correspondência com esta simbologia da guerra traçada em quatro linhas. O jogador, apenas neste sentido, é como um soldado em uma guerra, representa nossos sonhos indistintos e tem de lutar com os meios de que dispõe para vencer o ataque a seu gol. O que foi aquela partida, e as reações de alguns leitores à minha coluna, senão uma batalha em continuidade? Neste sentido, uma partida de futebol é muito mais que uma partida de futebol, e um jogador, muito mais que um jogador. No sentido simbólico, por favor.
Não disse em qualquer momento que um jogador está acima da lei. Evidentemente, tivesse o zagueiro em questão cometido um crime comum em campo (e me lembro do goleiro que golpeou o pescoço de um brasileiro durante um jogo na Índia, e com isso o matou), mereceria que a polícia praticasse uma intervenção imediata sobre ele, agarrasse seus braços e lhe tirasse dali pela porta aberta do vestiário, sem o desfile diante de torcedores exaltados. Os fatos ainda não foram de todo apurados. Não me pareceu, pelo que vi na televisão, que aquele zagueiro tivesse cometido um crime comum em campo. Mas o jogador, a depender do que concluir uma apuração isenta, estará sujeito ao que a lei lhe aplicar.
Sócrates, o brilhante colunista a quem não paro de admirar, por seu passado como cidadão e jogador (ou mais que um jogador), e por seu presente de hombridade e firmeza, intui que o zagueiro extrapolou suas funções em campo, embora não esteja certo se a polícia devesse ter sido a figura certa a coibir tais atitudes naquele instante. Sócrates fala em jogadores mimados, mas talvez esta não seja uma constatação nova: todos aqueles que defendem grandes clubes apresentam-se invariavelmente assim ao público. Se Sócrates intui que o jogador cometeu um crime de fato em campo, é preciso parar para ouvi-lo. E apurar suas intuições.
Escrevo esta coluna há quatro meses e frequentemente vario as temáticas abordadas. Nestes tantos textos, comentei assuntos que me pareceram graves ou notáveis dentro da sociedade brasileira, como o racismo, a moda, o jornalismo, as construções urbanas, os livros importantes. Nenhuma coluna teve o alcance desta sobre a poderosa simbologia do futebol. Neste caso, tive leitores muito atentos, que deram importância ao que escrevi no texto semanal, analisando-o de maneira cuidadosa, pelo menos em um caso, em seus próprios blogs.
Bem-vindos os que pensam. O exercício crítico é algo sempre admirável de ver.
Depois de um alívio nas atividades profissionais, eis que volto ao diálogo com Rosane Pavam. A seguir, as considerações da jornalista da CartaCapital (11/06/2008) e os meus singelos comentários.
Na semana passada, escrevi uma coluna sobre o que me pareceu a intromissão indevida da polícia em um estádio de futebol, e a reação dos internautas variou entre o desagrado e o manifesto de apoio. Fui lida emocionalmente. Mas não reclamo disto, porque assim somos nós, brasileiros, emotivos. Muito me agrada que leiam palavra a palavra ou parágrafo a parágrafo o que escrevi. Vivo de escrever.
É bem possível que alguns internautas tenham tido este tipo de leitura emocionada. Sob a tutela da emoção podemos, ou não, cometer equívocos. Entretanto creio em que não existiu, por grande parte dos que “manifestaram desagrado” em relação ao ângulo de visão exposto no texto, uma leitura emocionada. Houve, sim, um protesto contra a abordagem do tema e, sobretudo, queixas quanto à transcrição de alguns fatos ocorridos no Estádio dos Aflitos (Volto a afirmar que eles, os fatos, não foram checados exaustivamente).
Permita-me, cara jornalista, discordar desta tese um tanto quanto psico-antropológica de que nós, os brasileiros, somos todos emotivos. Parece-me que a generalização não é um bom mote para se fazer a exegese do humano, embora eu considere que haja parâmetros norteadores – mas não definitivos – para se caracterizar um povo, uma nação.
Escrever exige responsabilidade (acredito que esta “virtude”, Rosane Pavam, a senhora a tenha). Escrever nos põe diante do risco de sermos entendidos ou não. Afinal, traduzir o que se nos desvela, por meio das palavras, não é tão simples quanto possa parecer. Drummond já nos dizia: “Lutar com palavras / é a luta mais vã./ Entanto lutamos / mal rompe a manhã. / São muitas, eu pouco. / Algumas, tão fortes / como o javali. / Não me julgo louco. / Se o fosse, teria / poder de encará-las.”.
A questão é que, pelo que percebi, entenderam minha coluna, em alguns casos, por uma especificidade regional, como se eu visse mais glórias na polícia sulista do que na nordestina. Jamais afirmei tal coisa, porque esta divisão não me ocorre. Separações regionais são imaginárias, e os homens não se tornam melhores por terem nascido acima ou abaixo de linhas convencionadas.
Em uma de minhas postagens iniciais na página on-line, aludi ao fato de que o tratamento dado ao zagueiro André Luiz talvez não tivesse sido o mesmo se fosse um jogador da região Norte-Nordeste. Ora, isso é público e notório. Não criei esta fantasia. Basta ver como muitos jornalistas, a serviço do grande poder midiático sudestino, focam determinados temas oriundos de nossa região. Esta constatação não se apóia num complexo de inferioridade, como afirmara um internauta na página on-line. Pelo contrário, ela reafirma o olhar segregacionista e prepotente da mídia (especialmente aquela fincada no eixo Rio – São Paulo) para a nossa região.Também não me ocorrem “separações regionais”, ainda que elas existam e não sejam “imaginárias”. Os homens, como bem frisou a senhora, não apresentam um “biótipo” de virtudes boas ou más por terem nascido aqui ou acolá. Apresentam, sim, a diversidade inerente a todo humano: interior, cultural, religiosa, lingüística (mesmo na unidade de uma determinada língua nacional)... O que me ocorre é o subliminar modus operandi de alguns homens de determinadas “linhas convencionadas” para com outros homens de determinadas “linhas convencionadas”. Eu, de minha parte, estou bem nestas terras do Nordeste do Brasil e sinto-me honrado por ter minhas origens sedimentadas do lado de cá desta linha “imaginária”; da mesma forma, claro, os que estão do lado de lá desta linha “imaginária” devam estar bem e sentirem-se honrados por isso.
Somos todos homens.
O que contestei foi a intromissão da polícia de choque no campo nesta situação, tivesse ela ocorrido em Pernambuco ou na Alemanha (e por um detalhe, desta vez, a intromissão se deu em Pernambuco). Para um jogador violento e destemperado em campo, há a autoridade, em primeiro lugar, do árbitro do jogo. Talvez, naquele caso, essa autoridade tenha sido exercida tardiamente. E, se digo talvez, é porque reconheço que existe uma instância para decidir o timing correto desta atitude, que é o tribunal de justiça desportiva. Este tribunal terá de ser capaz de fazer isto mais apropriadamente que a justiça comum.
A contestação, no que diz respeito à intromissão do Batalhão de Choque da PMPE, poderia ter sido justa se todos os fatos tivessem sido analisados com a prudência necessária. A violência e o destempero do atleta (as diversas imagens percutem isso), bem como a discussão sobre a autoridade do árbitro ”exercida tardiamente” estão sendo postos de maneira mais incisiva e clara agora. Antes, não fora assim. Antes, apenas a explícita truculência, o sugestivo despreparo dos policiais e o “constrangimento” pelo qual passaram o zagueiro, o presidente Bebeto de Freitas e todo o time botafoguense.
Assim, pelo menos, foi o que se fez na Alemanha, um país que parece crer nas próprias instituições, durante a Copa do Mundo. Zidane, provocado por Materazzi, agrediu-o fisicamente na final. Mas a polícia não entrou em campo para prendê-lo, não o algemou. Qual teria sido a reação de Zidane diante de um policial que desejasse fazer isto com ele? Não se pode saber, mas talvez ele se visse incrédulo como o pobre (no sentido de surpreendido) zagueiro do Botafogo. E se na Alemanha a coisa não se complicou, isto ocorreu porque o juiz agiu em tempo: expulsou Zidane depois de ter sido informado de seu ato violento por um bandeirinha.
O caso – envolvendo o jogador francês Zinedine Zidane e o italiano Marco Materazzi, na Copa do Mundo de 2006 – não deve ser comparativo, na minha modesta opinião, ao que ocorreu nos Aflitos. Lá, na Alemanha, Zidane NÃO fez gestos obscenos para a torcida, NÃO chutou qualquer objeto contra os que assistiam ao jogo; Zidane NÃO foi, depois de expulso, para o banco de reservas, desobedecendo à determinação de se recolher ao vestiário (no caso de Pernambuco, o vestiário estava aberto antes do tumulto causado pelo atleta do Botafogo-RJ. E foi um erro gravíssimo tê-lo fechado, ainda que tenham existido justificativas, pouco plausíveis, para tal atitude). Desse modo, a polícia não precisou entrar em campo para prender o capitão da Seleção Francesa, Sr.ª Rosane.
Posteriormente, Zidane teve a oportunidade de defender a própria atitude (o que fez com grande integridade) em um processo da justiça desportiva. Se isto ficou entendido como correto no caso de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, pode também ser aplicado a um profissional de menos destaque.
Ora, o zagueiro André Luís deveria ter tido a integridade de acatar a decisão do árbitro de expulsá-lo. A justiça desportiva estaria lá, nos dias seguintes, para ouvir o que tinha a dizer sobre os fatos. Contudo ele não pensou nisso. Descontrolado, não se sabe por qual motivo (já havia um açodamento inexplicável dele antes do lance que motivou a expulsão), o jogador chuta um objeto, faz o sinal-da-cruz, empunha os dedos para a torcida, de modo obsceno, e vai se posicionar no banco de reservas. O “correto”, neste caso, deve ser aplicado em qualquer circunstância e a qualquer jogador, seja ele de destaque ou não. Seja Zidane, Ronaldinho Gaúcho ou André Luís.Certamente, Zidane, pela hombridade que a Sr.ª e eu, nele, vislumbramos não ficaria incrédulo, nem viria a ser o “pobre” (“no sentido de surpreso”), se tivesse agido como o zagueiro do time carioca, André Luís. “Pobre” no sentido de “surpreso”, envolve uma questão semântico-pragmática: a contextualização (insisto em falar dos fatos não considerados) é um ente que subjaz ao discurso; é um ente que está imbricado no próprio discurso.
Creio que alguns de meus leitores perceberam que eu falava, no texto, do poder simbólico do futebol, não daquele real. Porque quando disse que um jogador é mais que um jogador, disse, naturalmente, que ele é assim em correspondência com esta simbologia da guerra traçada em quatro linhas. O jogador, apenas neste sentido, é como um soldado em uma guerra, representa nossos sonhos indistintos e tem de lutar com os meios de que dispõe para vencer o ataque a seu gol. O que foi aquela partida, e as reações de alguns leitores à minha coluna, senão uma batalha em continuidade? Neste sentido, uma partida de futebol é muito mais que uma partida de futebol, e um jogador, muito mais que um jogador. No sentido simbólico, por favor.
Concordo com a idéia de que a luta se trava “com os meios de que se dispõe”. Estes meios, entretanto, não devem ter o espírito do ensandecimento, nem a quebra de regras pré-estabelecidas para o “duelo”. André Luiz encarnou este espírito e não respeitou a decisão do juiz. Se as pernas e a habilidade que possui tivessem sido usadas naquele jogo; se o equilíbrio, sobretudo, tivesse sido a sua arma após a expulsão, nada do que foi repercutido teria existido. Estou me referindo ao real e não ao simbólico, por favor (embora perceba uma linha tênue e pouco precisa do que seja real ou simbólico no seu texto).
Não disse em qualquer momento que um jogador está acima da lei. Evidentemente, tivesse o zagueiro em questão cometido um crime comum em campo (e me lembro do goleiro que golpeou o pescoço de um brasileiro durante um jogo na Índia, e com isso o matou), mereceria que a polícia praticasse uma intervenção imediata sobre ele, agarrasse seus braços e lhe tirasse dali pela porta aberta do vestiário, sem o desfile diante de torcedores exaltados. Os fatos ainda não foram de todo apurados. Não me pareceu, pelo que vi na televisão, que aquele zagueiro tivesse cometido um crime comum em campo. Mas o jogador, a depender do que concluir uma apuração isenta, estará sujeito ao que a lei lhe aplicar.
No meu texto de 07/jun/2008 [aqui], especificamente, jamais foi afirmado que a senhora houvesse dito que “um jogador está acima da lei”. Apenas indaguei, tendo em vista o fato de o referido atleta ter desacatado a autoridade policial.
Acredito na gravidade e no risco de o Batalhão de Choque da PMPE ter levado o jogador pelo “túnel” de acesso aos torcedores. O comando policial considerou necessário ter tomado aquela atitude operacional naquele momento, pois o vestiário estava fechado. Foi um risco, mas os policiais garantiram a integridade do zagueiro. Isto é fato e deve ser reputado como notório e motivo de avaliação positiva e não ser mote para achincalhe e uso de expressões do tipo “a polícia pernambucana é despreparada” (este não foi o seu caso, Sr.ª Rosane). Pergunto-me e estendo a minha indagação a todos que, por ventura, venham a ler este texto: a Polícia do RJ deve ser desqualificada por uma ação infeliz como aquela na qual, em 1990, o cabo Marcos Antonio Furlan, atirador do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), atirou em um assaltante, mas acabou também matando a refém, a professora Adriana Caringi, 23 anos? E a Polícia do Estado de São Paulo é despreparada quando se defronta e parte para o confronto com torcedores das diversas facções organizadas, tentando impor a ordem e preservar o bom andamento de um espetáculo bonito como uma partida de futebol? São apenas serenas indagações...Quanto aos “torcedores exaltados”, os fatos dizem muito mais do que a “exaltação” dos alvirrubros pernambucanos. Os fatos nos mostram “torcedores indignados” com a atitude do “jovem” zagueiro: obscenidades, falta de respeito, desequilíbrio e pouco ou nenhum espírito desportivo. A indignação sai de campo, naquele jogo, e toma conta da nação alvirrubra e dos pernambucanos pela parcialidade com que a imprensa sudestina, que não verificou – ou não quis verificar – os fatos como ocorreram. A imprensa, do lado de lá da tal “linha convencionada”, emitiu opiniões horizontalizadas (não me refiro, especificamente, à nobre jornalista com quem dialogo cordialmente); a indignação sai das quatro linhas, a partir daquele jogo, e se alastra, envolvendo torcedores dos grandes clubes de Pernambuco (falo de torcedores e não de sectários), quando se tem a notícia da possível punição ao Clube Náutico Capibaribe (não houve um só jogador alvirrubro sujeito a qualquer punição) determinada por uma instituição que desacredita as instituições (na Alemanha, certamente, isso não ocorreria, Sr.ª Rosana Pavam). Nesse aspecto, o internauta Sérgio Albuquerque, traduz de forma precisa o que é o tal STJD: “...a consternação dos que a criticam se deve ao fato muito bem explicitado em vossa coluna no que se refere a confiança nas instituições. Refiro-me ao STJD. Acaso vossa senhoria se digne pesquisar a postura do referido Tribunal, há de constatar que não é sem razão a revolta do povo pernambucano com a postura do Tribunal, espelhada no adágio ‘dois pesos, duas medidas’.".
Sócrates, o brilhante colunista a quem não paro de admirar, por seu passado como cidadão e jogador (ou mais que um jogador), e por seu presente de hombridade e firmeza, intui que o zagueiro extrapolou suas funções em campo, embora não esteja certo se a polícia devesse ter sido a figura certa a coibir tais atitudes naquele instante. Sócrates fala em jogadores mimados, mas talvez esta não seja uma constatação nova: todos aqueles que defendem grandes clubes apresentam-se invariavelmente assim ao público. Se Sócrates intui que o jogador cometeu um crime de fato em campo, é preciso parar para ouvi-lo. E apurar suas intuições.
Por que será que atletas defensores de grandes clubes devem ser mimados? Por que o André Luís, que criou todo o imbróglio, ainda foi defendido como um jovem zagueiro que apenas DESACATOU autoridades?
Escrevo esta coluna há quatro meses e frequentemente vario as temáticas abordadas. Nestes tantos textos, comentei assuntos que me pareceram graves ou notáveis dentro da sociedade brasileira, como o racismo, a moda, o jornalismo, as construções urbanas, os livros importantes. Nenhuma coluna teve o alcance desta sobre a poderosa simbologia do futebol. Neste caso, tive leitores muito atentos, que deram importância ao que escrevi no texto semanal, analisando-o de maneira cuidadosa, pelo menos em um caso, em seus próprios blogs.
Bem-vindos os que pensam. O exercício crítico é algo sempre admirável de ver.
Admirável de ver é não somente o exercício crítico, mas também o diálogo saudável e cordial.
P.S. A confusão se iniciou aos 37 minutos do primeiro tempo (conferir ficha do jogo). Dessa forma, não se sustenta o que foi dito no texto “Os soldados dançam”, de sua autoria: “Vestidos de preto, todos da turma do choque, os policiais queriam prender e, se mais ousadia houvesse por parte dos detratores que perdiam o jogo por três a zero, ameaçava [sic], com cassetete em punho, arrebentá-los [expressão, semanticamente, muito pesada. O contexto não foi considerado].”
Como os tais “homens” “de preto” haveriam de prender os “detratores que perdiam o jogo por três a zero [!!!]”? Os ânimos já estavam contidos e os dois últimos gols só ocorreram no segundo tempo!! Por que o Batalhão de Choque da PMPE deve ser visto desse jeito, neste caso específico? Quando foi que a força policial desejou prender quem estava jogando futebol sem o tumulto gerado pelo “desportista” André Luís?!?! Os fatos não foram checados, volto a dizer.
O que me sobra de tudo isso é a satisfação de ter dialogado, saudável e cordialmente, e de ter evitado que uma determinada visão dos fatos se incrustasse na mente de leitores desatentos (Mesmo que no nível simbólico. Aqui há outros questionamentos, não necessariamente contrários. Por exemplo: a força do simbólico reside no homem, nas suas ações e nos fatos delas emanados. Não há a discussão do simbólico sem que se trate da existência factual, sem que se considere a premência da concretude, alicerçada a partir de qualquer mundividência ou visão de mundo.). O que não se pode é eleger um viés simbólico e desconsiderar outros.
Abraço, Sr.ª Rosane Pavam.
2 comentários:
O blog de vcs ta muito inteligente e já está lincado no nosso, esperamos contribuições com matérias e sugestões, parabéns pela família linda Diógenes, abço a todos.
Olá, Magno!
Obrigado pelas palavras. Agradeço e nome de meus filhos também. O objetivo do blog é discutir "de um tudo" (rsrs) desde que o tempo, entre a sala de aula e o pc, me permita rsrs. Abração, "cumpadi"!
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