por Conceição Lemes
Tropa de choque de quase 2 mil homens, caveirão, armamento pesado.
Com todo esse aparato, começou neste domingo, às 6h, a desocupação do
Pinheirinho, em São José dos Campos. Moradores, lideranças e
parlamentares foram totalmente pegos de surpresa.
“O senador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Ivan Valente
(Psol-SP) estavam dialogando com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o
prefeito Eduardo Cury (PSDB) e proprietário da área, para achar uma
solução negociada”, afirma o deputado estadual Marco Aurélio Souza
(PT). “O próprio dono da área havia concordado em aguardar mais 15 dias.
Isso tudo foi minuciosamente relatado por Suplicy numa assembleia
realizada ontem, sábado, no Pinheirinho. De modo que todo mundo estava
tranqüilo.”
Para Marco Aurélio, Alckmin manobrou os parlamentares para
desmobilizar os moradores e, aí, fazer a reintegração de posse sem
resistência. “Covardia com os moradores, para pegá-los desprevenidos”,
acusa. “Quebra de palavra com os parlamentares importantes de São
Paulo. ”
O professor Paulo Búfalo, da executiva do Psol em São Paulo, está
convencido também de que foi uma manobra de má-fé do governador Alckmin.
De um lado, negociava, com os parlamentares. De outro, determinava a
desapropriação da área, uma ação em conluio com a Justiça de São Paulo:
“Todos os relatos que estamos ouvindo aqui, infelizmente, apontam para
isso”.
Outros deputados que estiveram no Pinheirinho, ao longo deste domingo, confirmaram essas informações.
Sobre mortos e feridos os números são desencontrados. Divulgou-se mais cedo sete óbitos. Mas isso não confirmado.
“Mesmo as lideranças estão com dificuldade de obter informação”, diz
Búfalo. “A tropa de choque fechou todas as entradas e saídas do
acampamento. Ninguém sabe direito o que está acontecendo lá dentro.”
O fato é quem quem chega ao Pinheirinho está sendo recebido com
bombas, que estão sobrando até para a imprensa e parlamentares. “Eu
guardei de ‘lembrança’ os resíduos da que a PM atirou contra mim”,
observa o deputado Marco Aurélio. “Se a amanhã o governador disser que a
reintegração de posse do Pinheirinho foi feita de forma pacífica, eu
tenho como provar que é mentira.”
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