sábado, 15 de maio de 2010

EMPATE TÉCNICO E MARGEM DE ERRO


Para compreender quando há Empate Técnico numa pesquisa eleitoral.
(Sem uso de fórmulas...).


A margem de erro amostral existe em toda pesquisa porque não se está entrevistando todo o universo. Como se trabalha com amostras, existe um erro amostral conhecido e calculado. Esse erro é calculado em função do tamanho da amostra e dos resultados obtidos na pesquisa.

Para um mesmo tamanho de amostra, quanto maior a homogeneidade da população pesquisada, menor será o erro amostral e vice-versa.

Ao contrário do que habitualmente se divulga, não existe um erro amostral único para a pesquisa como um todo, pois em cada informação fornecida pela pesquisa há um erro amostral correspondente.

No caso das pesquisas políticas, esses erros são geralmente desiguais para os diversos candidatos, em função da distribuição geográfica do eleitorado de cada um deles.

A margem de erro comumente divulgada refere-se a uma estimativa de erro máximo, considerando-se um modelo de amostragem aleatório simples.


Dessa forma, os resultados de uma pesquisa devem ser interpretados dentro de um intervalo que estabelece limites em torno da estimativa obtida: o chamado intervalo de confiança.

O nível de confiança da pesquisa é estabelecido de comum acordo entre o cliente e o instituto, entretanto, o mais usual é trabalhar com intervalos com 95% de confiança. Isso quer dizer que há uma possibilidade pré-fixada, de 95% de o intervalo de confiança conter o percentual que se deseja estimar.

Assim, quando se diz que o percentual dos que têm intenção de votar no candidato A é de 37%, significa que existe uma probabilidade de 95% de o percentual de eleitores que têm intenção de votar no candidato A estar compreendido no intervalo:

[37% - erro amostral; 37% + erro amostral]

Agora, considerando uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para esse candidato, o intervalo de confiança dele, com uma confiabilidade de 95%, seria o seguinte:

[37% - 2,2pp; 37% + 2,2pp%] = [34,8%; 39,2%]

Isso significa dizer que, considerando o mesmo modelo amostral, se 100 amostras forem tiradas da população, em 95 delas o índice deste candidato variará entre 34,8% e 39,2%.

É considerado empate técnico quando a diferença entre os candidatos se encontra dentro das margens de erro das pesquisas
, ou seja, quando há superposição dos respectivos intervalos de confiança dos candidatos.

Suponha que em determinada pesquisa a margem de erro seja de 2,2 pontos percentuais e o candidato A tenha 37% das intenções de voto e o candidato B tenha 34%.

Os intervalos de confiança construídos para cada um deles são os seguintes:

Candidato A: [37% - 2,2pp; 37% + 2,2pp] = [34,8%; 39,2%]
Candidato B: [34% - 2,2pp; 34% + 2,2pp] = [31,8%; 36,2%]
[31,8%; 32%; 33%; [34,8%; 35%; 36,2%;] 37%; 38,%; 39,2%]
Superposição

Existe uma superposição nos dois intervalos de confiança; portanto, pode-se dizer que existe um empate técnico entre os dois candidatos.

Na realização de uma nova pesquisa, o candidato A poderia ter 35% e o candidato B também 35%, ou o candidato A ter 39,2% e o candidato B 31,8% das intenções de voto.

Esse mesmo raciocínio também vale para dizer se uma eleição acabará ou não no primeiro turno. Por exemplo, considerando uma pesquisa cuja margem de erro é de 3 pontos percentuais e o candidato A tem 38% das intenções de voto e a soma dos demais candidatos é 35%, não se pode afirmar que a eleição acabará no primeiro turno, pois a diferença entre o índice do primeiro colocado e a soma dos demais está dentro da margem de erro da pesquisa.

Para poder afirmar que uma eleição acabará no primeiro turno, a diferença entre a intenção de voto do primeiro colocado e a soma das demais candidaturas deve ser superior à margem de erro da pesquisa.

Além da margem de erro, pesquisas podem conter erros não amostrais

Existem erros que não podem ser calculados, embora possam ser controlados e minimizados. São os chamados erros não-amostrais, resultantes de situações como:
  • dados demográficos ou eleitorais desatualizados usados na elaboração das amostras
  • questionários mal elaborados (perguntas que induzem a determinadas respostas, falta de objetividade, ordem inadequada, vocabulário inacessível etc.)
  • entrevistadores mal treinados
  • ocorrências inesperadas ligadas ao tema da pesquisa
Os erros não-amostrais quando não controlados podem alterar radicalmente os resultados e, conseqüentemente, a interpretação e análise de uma pesquisa.

Do Blog Com Texto Livre, do Cumpadi ZCarlos

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